Nossas noites… Enquanto amamento uma, a outra demarca seu território. Em seguida, “sem querer”, um pé pequeno vem de cima do meu ombro e bate na caçula. Choro. Sim, sei que a foto transmite paz, mas paz não é exatamente rotina por aqui: há disputa, choro, colo para duas ao mesmo tempo, sensação de impotência.
E ser mãe de duas é, antes de mais nada, sentir-se mágica, curandeira e absurdamente impotente. Temos como constante a sensação de que a mais velha perdeu espaço (e perdeu mesmo!) e a culpa rondando porque a mais nova nunca terá a exclusividade que a mais velha já teve. A certeza de que me dividir em duas ( ou três, se colocar o marido na conta) seria a única saída para que todos ficassem felizes e satisfeitos. A cobrança para administrar esta microempresa, chamada família, sem que ninguém saia lesado e gaste milhões em terapia por se sentir o filho “injustiçado”.
Mas, existe uma coisa melhor que cheiro de uma filha: cheiro de duas filhas. Coração transbordando duas vezes. Quatro bracinhos envolvendo meu pescoço. Marido provando, novamente, que casamento a gente reinventa, porque, em breve, seremos nós dois lembrando deste caos e dizendo: “que saudade das gurias pequenas”, enquanto esperamos chegar a hora combinada de buscá-las em alguma festa, preferencialmente, no modo invisível, que é pra não “pagar mico”. Enfim, estamos longe da paz no sentido literal, mas certamente, esta é a guerra mais pacífica e cheia de amor que eu já vi! Obrigada por dividir isto tudo comigo, @eduardoavila! Te amo!
Dra. Fernanda Mocelin – Pneumopediatra – RQE 27.163